quinta-feira, 23 de agosto de 2007

ESTAÇÃO FERROVIRIA DE VILA MATILDE - EFCB

A estação ferroviária de Vila Matilde, pertencente à Estrada de Ferro Central do Brasil, que ligava as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, anterior a sua inauguração oficial, era uma parada instalada de uma tosca estrutura de madeira, conforme indica a Planta do loteamento da freguesia de Villa Esperança .

Denominada Parada Macedo Soares, foi implantada para atender aos primeiros moradores dos loteamentos feitos nas terras, pertencentes à Dona Maria Carlota de Franco Mello Azevedo e família, (Freguesia de Villa Esperança) situadas ao lado norte da ferrovia, e de Dona Escolástica Merchet da Fonseca (Freguesia de Villa Matilde), situada ao lado sul, ambas na região rural do Município da Capital.
A referida parada situava-se, no final da Avenida Maria Carlota, dando frente para uma praça denominada Diogo de Carvalho, situada ao lado norte da ferrovia, levava o nome do diplomata Macedo Soares, que era casado com a filha de D. Escolastica.
Conforme se pode obter informações em vários sites na Internet, esta estação ferroviária da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, foi inaugurada em 1921, que passou a fazer parte de um complexo de estações suburbanas, do Norte (Roosevelt no Brás) , Penha (1866) e Lajeado.(1866) (três paradas), para atender a grande expansão que teve a região.

Com o advento de loteamentos ao longo da ferrovia, foram criadas as estações de: Itaquera, Quarta Parada (no Belém em 1934) , Quinta Parada (no Tatuapé em 1934), Artur Alvim, mais recente a Estação Patriarca.

Deve-se observar que, em Planta das Estradas de Rodagem do Município de São Paulo da Diretoria de Obras e Viação – 4ª. Secção Técnica, de 1918, consta a existência da Estação de Itaquera, com a sua localização indicada um pouco antes do Rio Jacuí., que cruzava a E.F.C.B. (provavelmente uma parada)

Em matéria incluída na Internet, consta que inicialmente as plataformas da Estação Vila Matilde, foram construídas em madeira, o que não é correto, conforme se pode comprovar pelas fotos inserida no site

Estação Ferroviária de Vila Matilde – E.F.C.B.
O referido alongamento das plataformas em madeira informado, se deu, quando a ferrovia foi eletrificada, e substituição automática dos vagões de madeira (Maria Fumaça), por composições de vagões metálicos mais longos, o que obrigou a ferrovia a adaptar o espaço de embarque e desembarque das estações.

Seu nome foi dado em homenagem a filha de dona Escolástica Melchet da Fonseca, Matilde Melchert Soares, que doou à empresa ferroviária o terreno situado dentro dos limites de sua propriedade, onde foi possível construir alem da estação propriamente dita, uma terceira linha para carga e descarga de mercadoria, e uma quarta linha (desvio) mais próxima ao corte do barranco existente, limitada deste, por uma vala de escoamento de água de uma área alagadiça formada pelo corte efetuado de onde brotava abundantes olhos d’água.
Era utilizado para estacionamento de vagões de carga, desvio este que posteriormente foi desativado.

Dentro dos limites existentes dessa área, em forma de triangulo, com um de seus lados voltado para o sentido cidade, limitando-se com a via de acesso para Vila Matilde (Fabrica de Tinta Vulcão- Rua Joaquim Marra), e afunilando em sentido subúrbio, até atingir as terras de Sétimo Gozzola & Irmãos, foi utilizada como pátio em chão batido para manobra de veículos e carroças, na retirada de mercadorias, que eram transportadas via férrea.

Alem dessa utilidade, essa área foi usada para manobra e ponto final de linhas de ônibus (o Amarelinho) ligando o bairro à Rua Guaiauna , forte ponto comercial na época, e a uma linha de ônibus ligando a Estação de Vila Matilde à Vila Talarico.

Na saída desse mesmo espaço, ligando-o a então Avenida Conde de Frontim (atual Radial Leste) existia o Bar do Ismael como era conhecido, que servia de apoio para a empresa de ônibus que operava na região.

A formação original completa da estação de Vila Matilde, era composta por uma construção que mantinha uma plataforma dupla entre as linhas 3 e 2, dividida em sua extensão por uma grade que separava a plataforma externa de acesso ao lado sul (Vila Matilde), e uma parte como plataforma interna de embarque e desembarque de passageiros sentido subúrbio – cidade (linha 2).
Essa construção, compunha-se de uma parte administrativa e bilheteria e uma parte como deposito de mercadorias, intermediada por uma única cobertura de duas águas por um espaço de acesso, onde se situavam as catracas de entrada e portões de saída para ala sul da estação.

A plataforma 1 instalada na ala norte (Villa Esperança) tendo uma longa cobertura em sua extensão, era utilizada para desembarque dos passageiros que vinham da cidade sentido subúrbio.

O acesso interno das plataformas se dava por rampas existentes em suas extremidades, com saída dos passageiros pela plataforma 2 para a plataforma 3 (esta externa), sendo que nas extremidades da estação (na via férrea) eram bloqueadas por mata-burros a cada extremo, para impedir a entrada clandestina de passageiros ao setor de embarque e desembarque.

Os passageiros que se dirigiam a Vila Matilde, tinham que subir um declive, utilizando uma escadaria, com seus degraus protegidos por trilhos em sua transversal, onde nesse corte de barranco, existia uma nascente, cuja água era utilizada pela garotada que estudava no bairro (para saciar a sede e pegar peixinhos) e eventuais moradores, em época de seca.

Essa escadaria, no seu topo dava saída para a Rua Joaquim Marra , defronte à Farmácia Queiros, o primeiro farmacêutico de Vila Mailtde. Mais tarde a preferência de uso dessa escadaria, foi substituída por uma rampa construída, conhecida como rampa da casa do chefe da estação, construída dentro dos limites cedidos por D. Escolástica.

Os passageiros que se dirigiam para Vila Esperança ou dela provinham, tinham a opção de utilizarem a rampa (linhas 2 e 3) de acesso lado cidade, que dava para uma passagem de nível ligando-a, a rua Maria Carlota, ou em sentido subúrbio utilizarem o mata-burros, que era uma passagem tipo trincheira servida por escadas, que permitia o acesso as Ruas Evans, Diogo de Carvalho (atual Rua Dr. Heládio), alem da escadaria que foi construída na ala norte, (linha 1) para a Rua Diogo de Carvalho.

A Estação de Vila Matilde, no apogeu do transporte ferroviário, era a estação mais movimentada do ramal tronco da E.F.C.B, devido seus moradores estarem ligados diretamente a forte industria, comércio, escolas da região do Brás, e a própria ferrovia.

Nessa mesma época, devido ao grande fluxo de passageiros, foram criados 2 trens especiais pela manhã sentido Estações Vila Matilde x Estação Roosevelt (especial das 6 e especial das 7), e 2 trens especiais à tarde em sentido contrário (especial das 5 e especial das 6).

A característica mais notável dessas composições especiais, é que quase todos os passageiros se conheciam, funcionando como um verdadeiro jornal de noticiais.

Um fato curioso, ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial;

Na época, para fins de esforço de guerra em pró dos aliados, o governo brasileiro, adotou um sistema de racionamento de alimentos, que era controlado pelo então (vilão) órgão Coordenação.

A cada família era, atribuído um cartão de racionamento, conforme o número de pessoas que a compunha.
As cotas indicadas, eram vendidas mediante a apresentação desses cartões de controle, na compra do pão, arroz, açúcar, etc...

Em Vila Esperança, mas precisamente na esquina das Ruas Evans e Celina (atual Cumaí), existiam; o Armazém de Secos e Molhados Chiasca, e do outro lado da calçada a Padaria do Pinto, um dos pontos de encontro dos moradores de Vila Esperança.

Por outro lado a atual Radial Leste, (Avenida Conde de Frontim), tinha seu início após a região chamada na época de Balanço (no Tatuapé), pouco antes da Rua Tuiuti, e terminava no pátio da Estação Vila Matilde.

Um funcionário do Chiasca, em um determinado dia, dirigiu-se pela manhã à Refinadora de Açúcar Tupi, instalada nas imediações da Luz, em uma carroça, para retirada da cota de açúcar estabelecida.

Entretanto, devido aos transtornos, o Sr. Humberto Arantes, somente conseguiu ser atendido já tarde adentro.
Como a Av. Celso Garcia nesse horário era de transito intenso, o Berto (como era conhecido) optou por sair da avenida pela rua Tuiutí, e dirigir-se ao o bairro pela então Conde de Frontim, calçada em mão única de macadames e pouco utilizada.
Ocorre que, nas proximidades das estações Quinta Parada e Guaiauna, emparelhou com o especial das 5.
Não deu outra, quando chegou ao seu destino, o estavam esperando a maioria dos passageiros, da referida composição.
Polícia !!! polícia !!!... a maior confusão...

Com a decadência do sistema ferroviário, os bairros que tinham seu progresso atrelado ao sistema, aliado as obras mal planejadas executadas na região, sofreram grandes transformações, tornando-se as estações, fundo de quintal dos referidos bairros, inclusive a Estação de Vila Matilde.
Com a implantação do Metrô pelo governo do estado e a criação do Expresso Leste da CPTM, iniciou-se uma lenta recuperação das regiões atendidas pela antiga EFCB.

Matéria livre para pesquisa.- .

8 comentários:

Unknown disse...

gostaria que a[ ESCOLA DE SAMBA NENE DE VILA MATILDE ] tivesse mais consideração pelo sua comunidade e desfilasse pra ela nos dias de carnaval a comunidade ficaria muito feliz fas 2 anos ou mais que agente ñ ver isso

VILA ESPERANÇA PENHA disse...

prezado gil
o que esta ocorrendo, é que as escolas de samba e blocos tem de obdecer a um programa previamente aprovado pela PMSP para suas apresentações.
o mesmo esta ocorrendo com o bloco tia gê, que muitas vezes não defila no bairro devido a escala programada feita para desfile em outros bairros. não é má vontade não.

Lucimar Gomes da Silva Florentino disse...

gostaria de saber se a empresa cepav ou cepave de 1960 ainda permanece na vila esperança.

Anônimo disse...

Saudações:

Gostei muito do blog mas quero perguntar se há algum relato disponível sobre a Estação Penha de trem do antigo ramal penha que saia da Estação Guayauna (como se escrevia na época) e passava pela Rua Irapucara, Rua General Sócrates e terminava na esquina com a Rua Coronel Rodovalho. Isso acontecera em meados de 1901 - 1910.

humildade simplicidade raciocinio!!! disse...

caro gil exelente esse blog , gostaria se possivel ver a parte superior daquele mapa subindo a olivertanos , há minha vô com 92 anos mora na rua panhames e me disse que a casa dela foi comprada pelo pai dela e no local existia uma olaria , espero que seja util esta informação para sua pesquisa ; grato e parabens !!

Dolores disse...

Oi Pai
gostei da matéria
abraços

Contivale disse...

Olá amigos Vilesperancences. Este Blog está muito interessante. Precisamos dar sequência com mais informes, fotos, memórias, etc. Um abraço a todos!

augusto.gallera@gmail.com. disse...

Pesquisar Minha Vila Esperança publicado pelo Sr. Hermes Figueiredo. augusto