sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Bairros Paulistanos Vila Esperança - Penha

A ocupação da região leste da Cidade de São Paulo foi iniciada por volta de 1600.
O primeiro caminho aberto para a região foi implantado seguindo as trilhas usadas, pelos índios Guaianázes, da nação Tupi que habitavam a região, incluindo o Tatuapé, até São Miguel, que com o transcorrer da ocupação transformou-se na Estrada Velha do Rio.
Segundo historiadores passou a ser usada para se chegar a Conceição de Guarulhos, Bertioga e, pelos bandeirantes, rumo ao sul de Minas.
As terras inicialmente pertenciam a Francisco Jorge, cujos sucessores as venderam ao padre e sertanista Matheus Nunes de Silveira.
O Padre Matheus, obteve posse da região, mediante petição de sesmaria outorgada pelo Capitão-mor Agostinho de Figueiredo em 1673, que segundo documentos, onde já existia uma capelinha, instalada no topo do morro da Penha.
Em 1650 foi construída a Casa Grande (ainda existente), junto ao Córrego Tatuapé (atual Rua Guabijú nº 49) , cujas terras se estendiam das margens do Rio Grande (Tiete), a região do Tatuapé, Penha e São Miguel Paulista, e ficaram sob administração do padre Jacinto Nunes de Siqueira, irmão do padre Matheus.
A Villa da Penha foi anexada em 1880 à freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, voltando em 1886 a fazer parte da Villa de São Paulo.
Ao logo do tempo, com a implantação de novos meios de transportes, a ermida que era um centro de apoio aos passantes, foi se transformando, e passou a atrair o interesse de tradicionais famílias paulistas, que passaram a investir na região.
Com a criação da Estrada Ferro do Norte (posteriormente E.F.C.B.) ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, e implantação da Avenida Celso Garcia, vários foram os bairros criados na região, por seus novos possuidores.


“Estação Vila Matilde 1924 vista de Vila Esperança”(foto Revistada Semana de 09/08/1924 - www.estaçoesferroviarias.com.br)

Entre esses muitos bairros criados ao longo da ferrovia e vias carroçáveis abertas, destacamos do lado leste, do centro histórico da Penha de França:

BAIRRO DE VILA ESPERANÇA – SUB - DISTRITO PENHA DE FRANÇA
(Sua História – Seus Costumes – Sua Gente)
(internet – http://vilaesperanapenha.blogspot.com/)
-Ano 2007-
Villa Esperança – Subúrbio da Estrada de Ferro Central do Brasil – Pequena distância dos Bondes da Penha - Estações Macedo Soares e Guayauna – Armazém de Secos e Molhados Alcino Candido Rodrigues – Rua Hippodromo, 157 – Telephone Braz 2469 – São Paulo.
Pertencente a Dona Maria Carlota de Mello Franco Azevedo – situada na Penha junto a Estrada de São Miguel e parada da E.F.C.B.
“Cada palavra deste texto simboliza um morador. Todas elas de forma coordenada criaram esta história”

O bairro de Vila Esperança, no sub-distrito Penha de França foi implantado por Dona Maria Carlota de Mello Franco Azevedo, viúva do Sr. Antonio Bento de Paiva Azevedo, capitalista paulista.
Segundo registros; colaboradora atuante das atividades da Igreja da Penha, onde nas proximidades mantinha sua residência, dedicava-se à atos sociais, como devota de Nossa Senhora.

Assim ao loteamento procurou referenciá-la, dando-lhe o nome de Villa Esperança, perpetuou nas ruas abertas, o nome de diversos parentes e netos.
O progresso do loteamento, esteve por muitos anos, ligado diretamente a construção da Estação ferroviária de Vila Matilde da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, inaugurada em 1921, e da qual fazia sua principal porta de entrada e saída.
A área de influência da grande Vila Esperança, englobava, outros loteamentos, como Vilas Laís, Centenário (antiga Villa Primon) e Beatriz, e tem a forma de um trapézio, com sua ponta mais longa voltada sentido bairro nos limites da CPTM ao sul, tendo ao norte divisa com a Av. Amador Bueno da Veiga (antiga Estrada São Paulo Rio) tendo sua última rua como limite oeste, a Rua Mirandinha, mais conhecida como a Rua do Cano D’água, isso porque existia um cano condutor, que fazia a transposição de água potável sobre o córrego Rincão.
Ao lado leste tem como limite a Rua Nilza, onde se confunde com a Vila Granada, área que era de propriedade de parente sua, Dona Olívia de Oliveira.
Pela época do lançamento do loteamento, a região situava-se na área rural leste do Município de São Paulo, conforme se pode constatar pelos mapas e plantas da época, e posteriormente elevada à região suburbana.
Ligava-se a Vila Matilde por 3 passagens de nível, existentes: Na Rua Mirandinha, com saída por trás da Chácara 6 de Outubro, defronte ao Cartório de Vila Matilde que estava instalado na Rua Melchert esquina Conde de Frontim;- No pátio da Estação Vila Matilde, ligando a Rua Maria Carlota a Conde de Frontim e na Rua Rincão, ligando o bairro a Vila Guilhermina, pela Rua Antonio E. de Carvalho.
Com o transcorrer dos anos, todas foram fechadas, e substituídas, pelo Viaduto Dona Matilde.
Entre 1926 e a década de 50 existiam em Vila Esperança varias chácaras de produção e de recreio, entre elas a chácara do Zé Maria, situada entre a Rua Evans e Rua Otília, era a que fornecia hortaliças e leite de cabra para os moradores do bairro.

Após pesquisas realizadas procurando identificar os primeiros morados, conseguimos somente identificar a 5ª. edificação feita no bairro.
Foi levantada pelo Sr. Romiglio Finozzi, (15/07/1904 + 12/02/1974), nascido no Brás, filhos de imigrantes italianos fugidos da 1ª. Guerra Mundial.
Seu Romiglio, marceneiro por profissão e poeta por vocação, sempre esteve ligado as entidades esportivas e representativas da região, onde foi bastante atuante, deixou como legado mais de 200 poemas. (2.), alem de diversas peças artesanais.
Camuflando seu dom artístico, dedicou-se a indústria e comércio de móveis.
Mantinha correspondência com diversas pessoas de sua relação, inclusive com o presidente Médici, com o qual tinha afinidade.
(2.) - Mulher Brasileira
Mulher, teus cabelos são lindos / lindos como o luar / teus lábios parecem rosa / e é meigo o seu olhar.. / Mulher você é a palavra beleza / e teu corpo sensual / é a riqueza brasileira e o sonho universal.

Vários campos para pratica de futebol situavam-se nas imediações do Córrego Rincão, paralelos a estrada de ferro, onde a rivalidade entre os clubes do bairro era evidente.
Sua história esta ligada diretamente como já foi mencionado, à Estação Vila Matilde da extinta Estrada de Ferro Central do Brasil, que lhe oferecia o único e viável meio de transporte público.
Sua formação e crescimento se devem a vinda para a região de um grande contingente de imigrantes provenientes de diversas nacionalidades, e de outras regiões do país, ligados principalmente à pujante indústria e comércio das regiões da Mooca, do Brás, e da própria ferrovia, que passaram a residir na região.
Inicialmente era servida por uma pequena parada de trens chamada de Macedo Soares. (3.)
Ficava defronte a uma praça, situada entre a Rua Maria Carlota e atual Rua Atuaí, onde hoje existe um estacionamento, (antiga Mármores Sambra).
Posteriormente, com a doação de área para a Estrada de Ferro Central do Brasil, situada dentro dos limites da propriedade de Dona Escolástica Melchert da Fonseca, foi construída a estação de embarque, desembarque de passageiros e cargas, de forma definitiva.

(3.) “José Carlos de Macedo Soares (1883 / 1968), advogado, professor, industrial e embaixador, foi casado com Dona Matilde Melchert Soares, filha de Dona Escolástica.”

Foi batizada com o nome de Estação de Vila Matilde, em homenagem a filha da Dona Escolástica, única exigência feita pela doadora.
Passou a servir os moradores de Villa Matilde, Villa Esperança, e moradores de outras regiões.

Como os terrenos da Vila Esperança, se apresentaram mais planos, com boa opção de localização de lençóis freáticos, para abastecimento, a região, sentiu uma forte e progressiva ocupação.
Suas ruas em terra batida eram cortadas pelo Córrego Rincão nas proximidades da estação, e servidas por pontilhões precários de madeira, geralmente sendo a ponte da Rua Maria Carlota a única carroçável. (1.)
(1.) Somente em 1949, é que a PMSP, procurou sanar esse problema, substituindo os antigos pontilhões.
Como o bairro mantinha somente um sistema local de vias mal conservadas, em ocasiões eventuais, utilizando-se do leito da ferrovia, até a Estação Guaiauna, e a própria rua, seus moradores contavam como meio alternativo de transporte, os bondes da linha 6 (Penha x Praça da Sé).
Isso ocorreu, principalmente durante a 2ª. Guerra Mundial, quando teve início a decadência do sistema ferroviário, e conseqüentes paralisações.
À luz foi o primeiro serviço público a ser instalado no bairro, ainda na década de 30, pela São Paulo Tramway Light and Power Co.
Com ar interiorano, o início das noites de verão, em todo o vale do Córrego Rincão, e pátio da estação ferroviária, a escuridão era quebrada pelo cintilar, das luzes dos pirilampos abundantes na região.
A iluminação pública chegou ao bairro somente na década de 60.
O comércio local por sua vez, passou a ser implantado aos arredores da estação ferroviária.
Vários armazéns de Secos e molhados foram surgindo, oriundos de hábitos e costumes europeus e de negociações árabes, onde a prática comum de confiança era exercida por meio de fornecimento de pão, gêneros alimentícios, utensílios e ferramentas de uso doméstico, mediante o uso de cadernetas de anotações, com pagamentos mensais pelos fregueses, criando-se vínculos comerciais e de amizade.
Um dos primeiros armazéns, que identificamos, foi o Armazém do Sr. Monteiro, mais conhecido como venda da Dona Etelvina.(1.)
Situava-se na esquina das ruas Diogo de Carvalho (atual Dr. Heládio) e Evans, junto a estação ferroviária.
(1.) – Seus proprietários eram imigrantes portugueses radicados no bairro,...continua

Essa tradição de confiança foi desaparecendo com o tempo, mas deixou marcas profundas, na lembrança das famílias mais antigas
Os estabelecimentos comerciais e industriais, em sua maioria, eram instalados no próprio terreno das residências de seus proprietários, onde a participação da família era normal.
Assim os empresários, acabavam por administrava seus negócios e lar, como um todo.
Quanto ao leite, antes da obrigatoriedade de sua pasteurização, era distribuído no bairro por carroças-bau (metálicas), que circulavam pelas principais ruas do bairro, contendo torneiras de escape em sua parte traseira, e servido em vasilhas trazidas pelos fregueses.
Não raro crianças a título de brincadeira, chocavam o veiculo para tentar beber leite nas torneiras.
Os farmacêuticos, Sr Carlos Bianchi, na Rua Celina (ano 1927) e o Senhor Queiros, na Rua Joaquim Marra em Vila Matilde, também abriram suas farmácias, seguidos mais tarde, por Carlos Parenti, que se instalou nas imediações do Largo da Igreja.
No Largo São Gervásio, em fevereiro de 1929, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Esperança, tendo a sua frente o Padre Emydio Pinheiro até 1930.
Nesse mesmo ano passou a ser dirigida de Dom João Maria Ogno- OSB, seguido do padre Constantino Maria Galassi Osb, este último mais enérgico, sempre as voltas com a rapaziada da A.A. 5 de Julho, que fazia seu ponto de algazarra no Largo da Igreja como era chamado, nas imediações, da casa paroquial, e nas concorridas quermesses realizadas.

Em meados dos anos 30, foi criado o primeiro centro espírita de linha branca (Centro Espírita Francisco de Xavier) na Rua Maria Abigail, sob a orientação de seu fundador, Sr. Armando Miguel Arinella.

Ainda na década de trinta, foi instalada a primeira agência dos correios no bairro, sob os cuidados de Dona Conceição, esposa do chefe da estação, na Rua Otília nº 99 (atual 867), mudando de endereço logo a seguir.
Foi instalado posteriormente na Rua Dr. Heládio, sob a responsabilidade de Dona Carmem Miranda, esposa do ferroviário Jorge Miranda.
Atualmente encontra-se instalada na Av Amador Bueno da Veiga.
Um fato que ainda recordo, é o apelido das filhas de Dona Conceição; Lálá, Lélé, e LíLí, o que denota a influência francesa sobre os costumes da época.

Foi instalado na mesma época o primeiro posto policial no bairro, para atender pequenas ocorrências, e a primeira escola pública, Grupo Escolar de Vila Esperança (G. E. Monsenhor Passalacqüa no topo da Rua Dr. Heládio, esquina com a Rua Gilda.
Por volta de 1932, foi aberta a primeira alfaiataria, pelo Sr. Augusto Dias Ferreira, (1892 x 1969), originário do Vale Azedo em Portugal, na Rua Otília 99, (Casa Ferreira) anteriormente estabelecida no Brás, na Rua Almeida Lima, 19, próximo as estações ferroviárias e aos armazéns gerais.
Com poucos moradores na região, o estabelecimento só sobreviveu, devido ao tino comercial de seu proprietário, que tinha bom relacionamento com os ferroviários, e criou um tipo de consórcio (chamado Clube), que permitia a aquisição de um terno sob medida em 25 parcelas mensais.
Veio o primeiro cinema, (Cine Esperança) mais conhecido como cinema do alemão, posteriormente (Cine Goteira), instalado também na Rua Otília, onde aconteciam concorridas sessões aos sábados e domingos.
Nos anos finais da década de 30, foi aberto o primeiro deposito de materiais de construções Carlos Guedes, na Av. Amador Bueno da Veiga, esquina com a Rua Izabel.
A Rua Maria Carlota, entre as imediações da estação e o Largo da Igreja, passou a ser o ponto de encontro da rapaziada da vila e de bairros circunvizinhos, nas noites de sábado e tardes de domingo, onde em terreno baldio existente, obrigatoriamente havia um circo ou um parque de diversões instalado.

Instalaram-se com o transcorrer do tempo os primeiros médicos, Dr. Alceu, Dr. Hermínio, seguidos posteriormente pelo Dr. Magaldi, e o primeiro dentista (Primo Rocco), com seus consultórios na Rua Diogo de Carvalho, (atual Dr. Heládio) em frente as escadarias da plataforma 01 da Estação Vila Matilde.

Com o passar do tempo e sua expansão demográfica, ligou-se pela Av. Amador Bueno da Veiga e Av. Conde de Frontim à Penha e a Rua Guaiauna respectivamente, que possuíam um comércio mais forte, e dos quais passou a usufruir.
O primeiro rádio técnico a se instalar em Vila Esperança foi o Sr. Francisco Rizzo, (1.) ainda no início das primeiras transmissões radiofônicas.
(1.) – O Sr. Francisco Rizzo pertencia a uma das primeiras famílias a se instalarem no bairro, onde teve destacada participação nos clubes e associações da região, e foi o introdutor dos cordões carnavalescos no Club Atletico Guarany.

Em 1949, por intermédio de pedido feito em 1947, do vereador Pedro Fanganiello, o prefeito Paulo Lauro, determinou a colocação de sarjetas na Rua Maria Abigail entre a Avenida Amador Bueno da Veiga e a Estação de Vila Matilde, para permitir a instalação do ponto final da linha Vila Esperança / Penha, nas imediações do Largo da Igreja Velha.

Os serviços públicos de pavimentação, para as demais ruas, começaram a chegar ao bairro na década de 50, com a emissão de carnês emitidos pela P.M.S.P, para pagamentos mensais,em nome dos proprietários, mediante contratos terceirizados, e construção de um viaduto sobre os trilhos da estrada de ferro, ligando Vila Esperança a Vila Matilde.
Os serviços de água potável, chegaram na década de 60, por intermédio do Departamento de Águas e Esgotos (hoje Sabesp).
Vila Esperança para os padrões da época evoluiu rapidamente, que aliado ao crescimento de Vila Matilde, fez com que a Estrada de Ferro Central do Brasil, para atender a grande demanda de passageiros, tivesse de criar 2 trens (composições) especiais pela manhã em direção a Estação do Norte (Roosevelt), e 2 trens à tarde no sentido bairros.
A característica principal dessas composições, é que seus passageiros quase todos se conheciam, funcionando como um verdadeiro jornal de notícias do bairro.
A mais notável e forte característica criada no bairro foi introduzida por imigrantes de diversos paises e estados, e diz respeito à mescla de suas tradições e costumes.
Os moradores que mais influenciaram na formação das tradições festas do bairro foram os espanhóis, pela sua alegria e seu jeito de ser. - “Ai govierno? ... yo soi contra.”
Vários foram os clubes criados no bairro, dedicados ao futebol, bochas, malhas e outros esportes, com eventos bastante concorridos.
Uma atividade não tanto convencional praticada pela rapaziada, era a caxeta.
Proibida por ser considerado jogo de azar, consistia em se colocar moedas sobre uma caixa de fósforos pelos participantes, e a uma certa distancia tentar derrubá-la com o arremesso de uma moeda.
O jogo de snooker (bilhar), também era bastante praticado pela rapaziada da época.
Aos domingos pela manhã, não podia faltar uma “sartenada” (porção) em forma de caracol de churros, adquirida na barraca do Tio Pedro, instalada na Rua Maria Carlota.
Entretanto o que mais se evidenciou no bairro de Vila Esperança foi seu carnaval, espontâneo e informal, promovido pelos clubes e o comércio local.
Tudo começou pelos seus moradores, principalmente de origem espanhola, propensos a fazer (em datas predeterminadas), “La sambumba”.
Organizava-se um grupo com vários participantes, um enorme bumbo (surdo), instrumentos improvisados de papelão, e lá saiam eles pelas ruas do bairro, vestidos de mulher e imitando tourada do tipo conhecido hoje como bumba meu boi.
Dessas pandegas, surgiu o grupo chamado La Murga del Tio Curro, que fazia propaganda da Fabrica de Cigarros Castelões, instalada no Brás.

Por outro lado, a Associação Atlética 5 de Julho, (fundado em janeiro de 1925 – hoje extinta), com sua sede instalada na Rua Celina (Cumai), onde mantinha seus bailes de salão, estendeu-os ao carnaval, cujas instalações logo se tornaram pequenas para o evento.
Certos do sucesso, seus dirigentes passaram a alugar as dependências do Cine Esperança, instalado na Rua Otília, para promover as noitadas e matinês carnavalescas, sob o comando da Orquestra Arsênio e seus Cabeças de Cavalo.
Passaram a iluminar com cordões de lâmpadas, as ruas escuras entre o Largo da Igreja (Praça São Gervásio), e o local dos eventos.
Para promoção passaram a incentivar uma semana antes do carnaval a criação de blocos de rua, concursos de fantasias, chamadas de Batalhas de Confetes e jogos de futebol a fantasia.

Após a realização das matinês de domingos e terças feiras, saíam às ruas do bairro, incentivados pelo músico José Humpheys, entoando marchinhas carnavalescas com seus instrumentos metálicos, a título de comemoração, arrastando atrás de si, toda garotada do bairro.
(1.) – O 5 de Julho, na época dispunha de um grupo bastante numeroso e atuante na época, destacando-se os membros das famílias Galinaro e Ossoleti, e tendo como principal galã o Calile.(continua...)

O Recreativo União Vila Esperança, (fundado em 1923) cujo forte era o futebol amador, passou também a concorrer nos bailes e blocos carnavalescos.
Logo se juntaram outros clubes não só do bairro, como de várias regiões vizinhas, e passaram a promover alegres tarde de domingos e terças de carnaval.
Dificilmente, uma criança moradora do bairro ficava sem a sua fantasia, de pierrô, arlequim, pirata, marinheiro, colombina e outras tantas.
Com a decadência do sistema ferroviário, aliada, a obras públicas mal planejadas, e desapropriações necessárias para estancamento do problema de transbordamento do Córrego Rincão que corta a parte baixa do bairro, o comércio local foi aos poucos se deslocando em sentido Av Amador Bueno da Veiga, de onde passou a depender.
Entretanto, Vila Esperança, não é só lembrança.
Hoje com a implantação da Linha Leste Oeste do Metrô, aliado a obras mais bem planejadas e a fortes investimentos imobiliários, Vila Esperança, apresente-se como um bairro pujante, de vias de tráfico intenso, tornando-se uma região prestadora de serviços diversos, acompanhando a tendência das grandes cidades, mas que lhe roubaram aquele gostoso sabor interiorano.
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HISTÓRIA:
Segundo pesquisas realizadas, chegamos à informação de que Dona Maria Carlota de Mello Franco Azevedo tem como origem, o ramo 7.6 da tradicional família Toledo Pizza (1.).
Antiga moradora da Penha residiu no bairro até pouco antes de seu falecimento, quando tinha quase 100 anos de idade.
Sua residência situava-se no topo da Ladeira da Penha, defronte ao Cinema São Geraldo, atualmente ocupado pelo Tabelião – 3º sub distrito Penha de França.

(1.) – A origem dessa família paulista, tem como patriarca Dom Simão de Toledo Piza, casado em 1640 com Dona Maria Pedroso, falecido em 1668. (TolPisa-1)
O ramo a que pertence Dona Maria Carlota, deriva da Viscondessa de Castro, Dona Escholastica Bonifácia de Toledo Ribas, casada com o Visconde João de Castro Canto.(4.1)
Sua avó, filha da viscondessa, Anna Cândida de Castro Canto e Mello, casou-se com Carlos Maria de Oliva,(5.5) que por sua vez geraram sua mãe , Maria do Carmo de Castro Oliveira, casada com seu pai, José Roberto de Mello Franco (6.4). (www.geocities.com/iscamargo/gp/TolPizas-1).

Dona Maria Carlota, muito meiga e carinhosa com as crianças, teve 7 filhos e adotou mais duas meninas, sendo uma delas filha de índios que moravam em Itanhaém, onde possuía uma casa de veraneio.
Vovó- Penha como era chamada, deu às ruas do bairro que ela criou o nome de seus netos.
Difícil não se deslumbrar em nossa mente (no início das primaveras), as crianças encacarrapichadas, nas centenárias jabuticabeiras existentes em seu quintal.
Sua residência foi desapropriada pelo governo do Estado e no local de residência foi construída uma unidade de saúde.
Sobre suas operações imobiliárias, foi localizada como um dos primeiros registros existentes no cartório da Penha, a compra de um terreno, na Estrada de São Miguel, esquina com a Rua Dr. Leopoldo de Freitas. Isso em 7 de maio de 1920, o que denota que os loteamentos de Villa Centenário e de Villa Esperança, foram criados ainda na década dos anos 10.
Obs: até o momento não conseguimos maiores informações a respeito.

RELIGIÃO
Os moradores de Vila Esperança, em sua maioria são católicos não praticantes, e tem como sua padroeira Nossa Senhora da Esperança. (1.)
O culto à Nossa Senhora da Esperança, no bairro de Vila Esperança, se deu logo após o início do loteamento, mediante a construção de uma pequena ermida construída em uma pequena praça (hoje Largo São Gervásio) existente nas proximidades de uma olaria instalada entre a Rua Maria Carlota e a Rua Trumai) (atual Atuai)
A paróquia da Freguesia de Villa Esperança foi criada em fevereiro de 1929, sob a responsabilidade do Padre Emydio Pinheiro, que permaneceu no cargo até 1930, ano em que os padres Beneditinos Olivetanos (2.) da Ordem de São Bento (3.), por intermédio de Don João Maria Ogno Osb, assumiram a sua direção.

Sendo que a antiga Igreja de Vila Esperança foi construída no mesmo local da ermida.
Passou logo a ser o ponto de encontro de fim de semana, das famílias do bairro nas missas realizadas nas manhãs de domingo, onde era grande a movimentação.
Em 1932 teve inicio a criação de um Mosteiro, para abrigar os padres olivetanos.
Manteve-se sob orientação de Don João, seguido por Don Constantino até 1945, quando foi demolida, e a paróquia, foi transferida para a Rua Padre Olivetanos nº 607 (antiga Rua Maria Abigail), cuja construção teve início em 1937.
O Sr. Natalino Barbieri, (1912 x )membro de família bastante devota e atuante, juntamente com seu pai, Hermínio (4.) que era exímio marceneiro, encarregaram-se de confeccionar o púlpito, os bancos, e todos os serviços internos de madeira.
Ao lado da Igreja (nº 601), foi definitivamente construído em 1947, o Mosteiro da Ordem Religiosa dos Olivetanos, que se encontra hoje sob a responsabilidade de Don Estanislau Maria Del Santo Osb, que assumiu tal responsabilidade em 1995, e que tem mantido toda estrutura religiosa e administrativa de forma modelar.

(1.) – O culto à N. S. da Esperança, teve início na Espanha, nos primeiros séculos da era cristã.
Foi reconhecida no ano de 656, pela Santa Sé.
Na época dos descobrimentos sua imagem foi esculpida em Pedra Ança, tendo nos braços o Menino Jesus, olhando uma pomba pousada em seu braço direito.
Foi introduzida no Brasil pela frota de Cabral, quando frei Henrique de Coimbra rezou a 1ª. Missa, em seu louvor, tornando-se a mãe e protetora dos imigrantes, tendo seu dia de comemoração dia 26 de abril.”

(2.) – A congregação religiosa dos Olivetanos foi fundada pelo Beato Bernardo Tonolei no século VI, como uma congregação Monástica, onde seus seguidores viviam isolados como monges.

(3.) – A congregação dos Olivetanos , da Ordem de São Bento (OSB) foi criada por Bento de Núrsia.

(4.) – O Sr. Hermínio Barbieri, chegou ao Brasil em 1891com 11 meses de idade, trazido pelos seus pais, com mais 3 irmãos, com destino as fazendas de café do interior de São Paulo, casou-se com D. Maria Zucheri em 1911, nascendo dessa união os filhos Natalino e Antonieta.
Veio para Vila Esperança em 1926, onde seu filho mais velho passou a atuar intensivamente junto a igreja, a Sociedade Amigos de Vila Esperança e o Recreativo União Vila Esperança. .
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Em meados dos anos 30, na Rua Maria Abigail (atual Padre Olivetanos), em uma pequena residência, um grupo de pessoas, encabeçado pelo Sr. Armando Miguel Arinella, (1.) reuni-se para a criação do Centro Espírita Francisco Xavier, voltado para a doutrina Allan Kardec.
Com objetivo de possuir um endereço definitivo, o grupo adquiriu um terreno na antiga Rua Trumais, que passou a chamar-se Rua Paulista e posteriormente Rua Atuai nº 962.
Logo iniciaram a construção da sede própria, e em 20 de julho de 1937, foi oficialmente fundado o “Centro Espírita Cristão Vicente de Paula de Vila Esperança”, sob a presidência do Sr. Armando.
As suas dependências alem do salão para sessões mediúnicas, e possuir dependências administrativas, tinha como ponto de referência uma torre com relógio e uma bandeira branca sempre hasteada.
Por volta dos anos 90, sob a presidência do Sr. Eduardo Perez, o imóvel foi desapropriado pelo Estado, para permitir a construção da Estação Vila Matilde do Metrô.
Provisoriamente, seus dirigentes utilizaram um salão na Rua Cumai, onde anteriormente a A. A. 5 de Julho mantinha sua sede.
Durante essa breve estada, foi adquirido um terreno situado na Rua Otília nº 712, onde foi erguida a nova sede, devidamente planejada segundo as necessidades da instituição, “previamente definidos e de futuras novas atividades, que se mantém ativa nos propósitos de ensinamento de ajuda ao próximo pela doutrina dos espíritos na seara do mestre Jesus.”

(1.) – “O Sr. Armando Miguel Arinella, casado em 1928, com Dona Matilde Arinella, no início dos anos 30 foi indicado como para ser inspetor de quarteirão, de posto policial.
Curiosamente, tal atribuição policial, o levou a seguir a linha religiosa de Allan Kardec.
Na época o preconceito religioso era evidente, e as práticas de ocultismo, eram consideradas como bruxaria, pela população, pelas autoridades, e vigiadas com rigor.
Alertado por terceiros sobre as praticas mediúnicas praticadas no bairro foi a um desses centros de terreiro, para confirmar as denúncias.
Qual não foi a sua surpresa, quando a mãe de santo de origem africana, após entrar em transe, o atendeu no idioma italiano.
Desconfiado estar diante de uma farsante, respondeu em tom áspero também em italiano.
Ai, é que veio a sua surpresa.
A resposta que obteve, foi que ele estava falando com Giovanne Arinella. – Seu pai.
Ao sair, surpreso, passou a estudar a doutrina de Allan Kardec e a ela se dedicou.
“Idealizou a criação de um centro espírita, o que lhe valeu a partir dessa data, a ser conhecido Seu Armando do Centro Espírita.”
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Na década de 50, foi fundada a Primeira Igreja Batista de Vila Esperança, na Rua Dr. Heládio nº 9, nas proximidades da estação ferroviária de Vila Matilde, para pregar a doutrina evangélica (1.)
Nos anos 90 o imóvel onde estava instalada sua igreja, foi desapropriado pelo estado, para permitir a canalização do Córrego Rincão, e implantação da linha leste / oeste do Metrô.
Seus seguidores, então optaram por adquirir um terreno situado na Rua Gilda nº 405, onde construíram uma ampla e planejada edificação, que permitiu a ampliação das atividades da instituição.
(1.) A teoria mais aceita para definir a origem da Igreja Batista, data do século XVII, quando dissidentes britânicos da igreja Anglicana,(protestantes) buscaram refúgio na Holanda em 1608, onde criaram a primeira Igreja Batista
O clérigo John Smyth e Thomas Helwis, um ano após, organizaram a Doutrina Batista, introduzindo como um de seus princípios, o batismo por imersão, prática que foi oficializada em 1644.
Em 1612, após a morte de John Smyth,, seus seguidores voltaram para o Reino Unido, sendo novamente perseguido, fato que os obrigou a procurar refugio em vários países, principalmente nos Estados Unidos da América.
Em 1639, Roger Williams fundou a Primeira Igreja Batista em solo americano na Ilha de Rhode, onde instalou uma colônia.
No Brasil o missionário americano Thomas Jefferson Bowen, em 1860 foi enviado ao Rio de Janeiro, para tentar evangelizar os brasileiros, mas tendo que regressar sem atingir seus objetivos 9 meses após a sua chegada, por ter sido impedido de postular seus princípios religiosos.
Com a deflagração da Guerra Civil Americana, várias famílias americanas, dos estados do sul radicaram-se no interior de São Paulo, trazendo com eles seus princípios religiosos.
Finalmente em 1882, foi fundada a Primeira Igreja Batista em Salvador através do missionário Willian Buck Bagby e sua esposa, também missionária.
A Igreja Batista, atualmente esta presente em quase todos os paises do mundo, tendo nos Estados Unidos da América e Canadá, seu maior contingente, avaliado em 45 milhões de seguidores.
No Brasil calcula-se um número de 2 milhões de seguidores da Doutrina Batista.

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Ao longo do tempo, foram introduzidos no bairro novos cultos religiosos, com seus seguidores, sempre vivendo em harmonia e respeito, seguindo os conceitos arraigados aos brasileiros, de que todos os rios e seus afluentes, acabam desaguando em um Oceano Único.

SEGURANÇA
Muito embora o bairro de Vila Esperança tenha sido sempre uma região tranqüila para os padrões das cidades grandes, ela sempre recebeu a atenção dos poderes públicos.
Logo nos primeiros anos de sua implantação, Vila Esperança recebeu seu primeiro posto policial, por onde passaram diversos subdelegados, ou inspetores de quarteirão como eram chamados.
Nos últimos anos da existência do posto policial, funcionando na Rua Celina (atual Cumai), ficou sob a responsabilidade de várias pessoas, dos quais podemos destacar o major Quinzinho, Armando Batista, soldado José (apelidado como Zé Preto) e Seu Otávio.
Foi nesse posto policial, que o bairro teve instalado seu primeiro telefone.
Hoje, o bairro conta com a presença do 2º Batalhão da Policia Militar Herculano de Carvalho e Silva (1.), instalado na Av. Amador Bueno da Veiga nº 2.774, que tem suas atividades voltadas para o bem da comunidade não só do nosso bairro, mas de toda a região abrangida por sua jurisdição.
O 2º BPM/M foi instalado em um terreno de 17.600m2. de propriedade de Dona Olivia Lopes de Oliveira, desapropriado pelo Decreto estadual 45207 de 9/9/1965, cujos tramites seguiram até 1978, conforme transcrições 7661- 7º -RI e 27.581 do 12º RI.

(1.) – “O que pouca gente sabe, é a história do 2º Corpo Militar de Policia, criado em dezembro de 1891, e que esteve ligado diretamente às refregas militares ocorridos no Brasil nos anos 1925, 1930 e 1932, sempre em defesa da legalidade, o que lhe valeu ser aclamado como Dois de Ouro.”
“Foi aclamado pela população de São Paulo em 1925, com a mensagem (À lealdade aos bravos heróis de Rocinha, de Belarmino, de Formiga, de Adelaide, de Passo Liso, de Catanduva e de Tormentinhas, o reconhecimento do povo brasileiro).”
“Seu comandante Coronel Herculano (1892 / 1963) foi indicado pelo governo da República como governador militar provisório de São Paulo entre os dias 2 e 6 de outubro de 1932.”
“Foi condecorado com diversas medalhas, entre elas a Cruz de Cavaleiro da Coroa e Ordem da Coroa, conferida pelo Rei da Itália em 1923.”

Alem da presença do 2º Batalhão da Policia Militar (BPM/M), o bairro conta com a presença do 1º Agrupamento do Corpo de Bombeiros (Posto de Bombeiros de Vila Esperança), instalado na Rua Alicante nº 522, na divisa com a Vila Granada, nos fundos do terreno utilizado pelo quartel da Policia Militar.
Foi instalado em 24 de fevereiro de 1971, com uma guarnição de Auto Bomba, oriunda do Lanifício Guilherme Giorge, que mantinha em suas instalações um posto avançado.
Seu efetivo inicial foi formado pelos integrantes do posto avançado, juntamente com uma guarnição de salvamento do 1º Agrupamento de Busca e Salvamento, e era composto por um efetivo de 40 bombeiros, tendo como seus primeiros comandantes os tenentes Grava e Aguilar.
Curiosamente os componentes do posto, mantendo sempre prontidão com 13 homens, rendiam a parada juntamente com os integrantes da Cavalaria e do 2º BPM/M todos os dias pela manhã.
Com a grande incidência de interrupções nas Paradas Matinais, em virtude do acionamento constante dos bombeiros pela população, essa prática foi abolida, e substituída pela apresentação de simples Mapa Força da Prontidão das turmas A, B e C.
Hoje seu efetivo esta tão ligado ao bairro, que seus componentes em 1972, criaram a Associação Atlética Miolo de Vila Esperança, para a pratica do futebol amador, possuindo seu espaço esportivo junto às obras previstas no Projeto Básico do Reservatório de Retenção do Córrego Rincão (RRI – 2).
Diga-se de passagem, uma das poucas obras executadas pela PMSP, em Vila Esperança, no padrão de obras dignas de elogios.

Esses heróis do serviço público, por muitas vezes, se fizeram presente em nosso bairro, auxiliando os moradores lindeiros ao Córrego Rincão, sempre que o rio transbordava.

Reunião p/ estudo da implantação Piscinão Rincão
SAUDE
O primeiro estabelecimento dedicado a saúde, que os moradores de Vila Esperança puderam contar, foi a Farmácia Santa Terezinha, instalada em 1927 na Rua Celina 190, pelo farmacêutico Carlos Bianchi.
Grande conhecedor da área farmacêutica, desde a manipulação de drogas e conhecimento de enfermidades, sempre atuou como um verdadeiro conselheiro de saúde, juntamente com o Dr. Alceu do qual era amigo inseparável.
Alem do Sr Carlos da Farmácia (como era conhecido) os moradores do bairro podiam contar com o farmacêutico Sr. Queiroz, instalado em Vila Matilde nos limites de Vila Esperança, que também mantinha boa reputação profissional.
Na época a tradição médica, era a do médico de família, e os primeiros a chegarem ao bairro, foram os médicos Dr. Hermínio seguido a seguir pelo Dr. Magaldi, ambos com seus consultórios instalados na Rua Dr. Heládio, defronte a estação ferroviária.
O primeiro dentista a chegar ao bairro foi o Dr. Primo Rocco, instalado vizinho ao consultório médico, seguindo pelos dentistas Dr. Silvio Antico e Dr. Scaff.
Quanto a unidades de saúde, o bairro somente pode contar com postos de atendimento básicos, instalados pelo poder público, contando nos dias de hoje com alguns desses postos.
Entretanto mesmo não possuindo Casas de Saúde, o bairro pode contar com as instituições particulares do Hospital de Vila Matilde e Hospital da Penha, instaladas nas proximidades, e instituições de saúde pública instalados na região leste da capital.

EDUCAÇÃO
E.E. Monsenhor Passalacqüa (Grupo Escolar de Vila Esperança)
O primeiro estabelecimento educacional com que as crianças de Vila Esperança puderam contar foi a Grupo Escolar de Vila Esperança, criado em 20 de fevereiro de 1930 (posteriormente E.E. Monsenhor Passalacqüa), tendo com seu primeiro diretor o Sr. Odon Cavalcanti Maranhão, substituído seguido pelo Sr. Otávio e posteriormente pelo Sr.Mário Ferreira.

Inicialmente foi instalado no final da rua Dr. Heládio.
Sua ampliação teve início em 1944, mediante compra pelo estado de área maior conforme Decreto 13639/43, registro da 12ª. Circ. De Imóveis.
Pelo decreto 17.489 em setembro de 1948, foi inaugurado em suas instalações o 1º Posto Diretor de Orientação Infantil SSM ligado a 7ª. Delegacia da Capital, sob a presidência do Sr. Benedito Policastro
Em 1949 o prefeito Paulo Lauro, determinou a elaboração o projeto de ampliação de suas instalações, que permitiu a criação de uma frente para a Rua Gilda, rua com a qual faz esquina, para melhor atender suas atividades.
A pedra fundamental das obras foi realizada, no mesmo ano pelo então governador Adhemar de Barros.
Atualmente foi transformado em um N.R.T.E. - de capacitação e formação de professores e alunos da rede pública.

Ao seu lado por volta de 1941, foi aberta a primeira papelaria do bairro; a Papelaria da Dona Iole (1.) e sua irmã Carmem (1.).
As duas irmãs são filhas do Sr. Armando Vannucchi consultor em construção, civil, que chegou ao Brasil em 1911, com sua esposa Dona Maria.
Em 1921 adquiriu um terreno na Rua Dr. Heládio, para onde se mudou por volta de 1926, com seus filhos; Alberto, Alfio, Iole e Carmem, que tiveram uma vida inteiramente ligada ao bairro, participando de clubes, associações e educação.

E.E. Gabriel Ortiz (Ginásio de Vila Esperança)
Mediante Decreto 37.435/60 - foi desapropriada pelo estado, uma área de 10.024,71 m2, de propriedade de Dona Olívia Lopes de Oliveira, situada na Av. Amador Bueno da Veiga (atual nº 2932), cujo processo teve início em 30/04/1969 e se arrastou até sua conclusão em 1976, conforme registro RI 91.540/68 da 12ª. C. de imóveis, para a construção do Ginásio de Vila Esperança.
Tornou-se, em pouco tempo em um dos estabelecimentos mais procurados na região.
Como referência de ensino é administrada de forma exemplar, possuindo um corpo de professores altamente qualificado, o que lhe deu o estatus dado a grade de ensino particular.
Posteriormente passou a denominação de Escola Estadual Professor Gabriel Ortiz, administrando curso de segundo grau.

Obs: até a presente data não nos foi possível obter maiores informações sobre essa instituição educacional.

E.E. Dom João Mario Ogno – Osb (Grupo Escolar de Vila Centenário.)
A instituição da referida escola estadual em Vila Esperança, teve como origem no Decreto 38.449/61 que determinou a desapropriação de uma área de 4.846m2, para a criação do Grupo Escolar da Vila Centenário, A desapropriação estendeu-se até junho de 1974, conforme transcrição 133928 da 12ª. CRI da capital.

Obs: até a presente data não nos foi possível obter maiores informações sobre essa instituição educacional.

Colégio Olivetano (Jardim da Infância Nossa Senhora Menina)
A raiz do Colégio Olivetano, teve origem, na modesta capela erguida na atual Praça São Gervásio, no bairro e Vila Esperança.
Os sacerdotes Beneditinos Olivetanos: Dom João Maria Ogno e Dom Constantino Maria Galassi, alem de se dedicarem a evangelização dos moradores do bairro, com a ajuda das Irmãs Filhas de São José de Vila Matilde, procuravam também ensinar as primeiras letras as crianças do bairro, na própria capela, até conseguirem construir um prédio adequado na Rua Maria Abigail (atual Rua Padres Olivetanos).
Em 10 de agosto de 1948, a então Creche Nossa Senhora Menina, recebeu a visita de apôio do prefeito Paulo Lauro.

Assim, conseguiram em 07 de março de 1954, inaugurar o Jardim da Infância Nossa Senhora Menina, sendo o mesmo reconhecido oficialmente no dia 24 do mesmo mês.
Seu principal objetivo, era servir como sub-internato, onde os pais poderiam deixar seus filhos aos cuidados das irmãs, enquanto iam trabalhar.
Com o transcorrer do tempo, foi crescendo, transformando-se em escola primária.
Com a chegada e esforços de Dom Camilo Maria Cavalheiro – Osb e mais a Irmã Maria Francisca Alves dos Santos – FSJ, foi criado e inaugurado em 24 de abril de 1970, o antigo curso ginasial.
Em 17 de julho de 1980, a instituição passou a se chamar Colégio Olivetano, ligado à sua Mantenedora, Associação dos Monges Beneditinos Olivetanos, estendendo suas atividades aos cursos de educação infantil, ensino fundamental do I e II grau, e ensino médio.
Atualmente possui um grupo de professores especializados nas áreas de educação oferecidas.
Seus dirigentes em conjunto com os Monges Beneditinos Olivetanos acompanham diuturnamente os princípios de preservação dos ensinamentos cristãos, herdados das Irmãs Filhas de São José.
Hoje o Colégio Olivetano é considerado um estabelecimento de alto nível de ensino, com grande prestígio na região.
Vários outros estabelecimentos particulares foram criados em Vila Esperança, especializados em cursos infantis, primeiro e segundo grau, bem como cursos preparatórios para o grau superior.

COMÉRCIO E INDÚSTRIA
O bairro de Vila Esperança, já foi base de várias indústrias.
Das que temos conhecimento, incluem-se, as fabricas: Chocolates Lacta de propriedade de Ademar de Barros, posteriormente transformada em fábrica de processamento de magnésio, situada onde foi construído o terminar norte da estação Metrô Vila Matilde, Mármores Sambra, Varietex e outros estabelecimentos dedicados à fabricação de móveis, tecelagem, calçados roupas e metalurgia, alem da Empresa de Ônibus Vila Esperança, que servia parte da região leste.

Em sua maioria os empresários estabelecidos em Vila Esperança, fizeram do bairro os seus endereços de comércio e residencial.
Outro fato pouco conhecido, é que as famosas e cobiçadas Motos Amazonas idealizadas pelos mecânicos Luiz Antonio Gomi e José Carlos Biston, em 1970, com o apoio do Grupo Ferreira Rodrigues, entre 1978 e 1988 passaram a ser produzidas pela empresa criada, Amazonas Motocicletas Especiais – AME, no bairro de Vila Esperança.
Atualmente, essa empresa foi reativada, com novas perspectivas de fabricação de motos com partida elétrica, na região de Cotia.

Seu comércio estabelecido nas imediações da estação ferroviária era apresentava-se diversificado, incluindo a instalação semanal, de duas feiras livres, bastante concorridas.
Hoje, considerando-se a região abrangida pela Av Amador Bueno da Veiga, o bairro conta com um comércio bastante diversificado, em constante transformação, contando com várias agências bancárias, e estabelecimentos dos mais variados serviços.

PARTE ALTA DE VILA ESPERANÇA.
Região formada pelas Ruas Rincão, Gilda, e Rua Cecília, por algum tempo chamada de Rua Rancho Queimado.

Em algum momento no preâmbulo deste trabalho, afirmasse que Vila Esperança foi implantada e cresceu ao redor da Estação Ferroviária de Vila Matilde, da qual dependia, para integração com demais região de São Paulo.
Entretanto uma região pertencente ao loteamento implantado fugiu de certa maneira, dessa premissa.
Muito embora também era dependente da EFCB para sua sobrevivência, passou também a ser ponto de referencia para um novo loteamento vizinho.
Vila Guilhermina, que foi implantado do lado sul da ferrovia, no sub distrito de Vila Matilde, em 1938.
Como a então Av. Conde de Frontim (atual Radial Leste), terminava no pátio da estação, o único caminho viável e seguro para se chegar ao novo loteamento, era a Rua Rincão, por intermédio de uma passagem de nível existente sobre a via férrea.
A ligação Vila Guilhermina/Vila Matilde, era feita por uma rua em terra batida, cruzando um charco de vegetação alta, pertencente à família Sétimo.
Assim essa passagem era evitada por mulheres e crianças na nova região.
Com isso, as Ruas Gilda e Rincão passaram, a manter um comércio regular, para atendimento principalmente das novas famílias que se instalaram no novo bairro, criando um novo pólo comercial.
Na Rua Gilda esquina Dr. Heládio o primeiro armazém de secos e molhados instalado, foi o armazém de Andre Gutierrez, conhecida como a Venda do Gordo, onde trabalhavam o proprietário e seu filho André, nas proximidades um açougue.
Na Rua Rincão, esquina com a Rua Cecília, o primeiro armazém instalado, era conhecido como a Venda Del Tio Pintao, devido seu proprietário ter a pele muito branca, contrastando com muitas sardas no rosto, cujo nome não foi possível identificar, que posteriormente vendeu o ponto para o Sr. Geraldo..
Com o crescimento de Vila Guilhermina, o comércio passou a se desenvolver, instalando-se na região a Loja da Madalena, Bazar da Sagrário, Armazém do Luiz, mais conhecido por Quinito, Farmácia do Zezinho e outros.
Quanto a parte recreativa, os jovens mais ativos criaram na região o Salas Futebol Clube, e o Bloco do Morro, este último, mesmo não sendo formalmente constituído, todos os anos participava dos festejos carnavalescos do bairro.
Com o fechamento da passagem de nível sobre os trilhos da estrada de ferro, que, diga-se de passagem, era bastante perigosa, devido situar-se em uma curva, o que obrigava os maquinistas a acionar o apito denunciando sua passagem, a Rua Rincão tornou-se uma rua sem saída, e o comercio aos poucos foi declinando.
Alguns fatos curiosos ocorriam com a garotada que residia da região.
Como a Rua Rincão era praticamente o fim da região habitada, a garotada em busca de aventura, constantemente seguia pela via férrea até um pouco alem da próxima curva, e dirigia-se ao lado norte atual Vila Ré para caçar Canários Típio.
Por vezes, ia até as proximidades das torres de alta tensão existente no fim do loteamento Guilhermina.
Ali na época ali existiam várias trincheiras que foram abertas durante os entreveros da revolução, para a prática de garimpagem.
Somente os garotos mais corajosos, (1) adentravam nas mesmas a procura de carcaças de munições abandonadas, como granadas e balas de fuzil. – 1- era difundido que havia muitas cobras na região.
Os projeteis retirados das balas, para tormento dos pais, eram colocados sobre os trilhos, a espera da passagem das composições, que os amassavam.
Com eles eram feitos rudimentares estiletes para limpeza de unhas.




TRADIÇÕES
Muito embora as tradicionais festas de Vila Esperança estivessem ligadas ao carnaval, vários Clubes, mantinham durante todo o ano, atividades esportivas e recreativas, inclusive bem concorridas, como festas juninas, festas da cerveja, e animados bailes, inclusive durante toda época dourada da Jovem Guarda.
Os dois maiores clubes do bairro, era a A.A. 5 de julho e o Recreativo União Vila Esperança, cuja rivalidade era evidente, principalmente no que diz respeito ao futebol, rivalidade esta que se estendia aos demais clubes.

Quanto ao carnaval de rua, que seguia as características e a informalidade da época, participavam das mesmas as mais variadas agremiações.
Juntaram-se as tradicionais festas de rua, vários clubes hoje alguns deles extintos.
Entre eles podemos enumerar, o Clube Atlético Guarany, (fundado em 1935), Estrela D’alva Futebol Clube (fundado em 1938), Escola de Samba Nenê de Vila Matilde (que tem seu berço dividido entre Vila Matilde e Vila Esperança), Club Desportivo Triângulo (fundado em 1939), Club Atlético Vasco da Gama (fundado em maio de 1931), Bloco do Morro (formado pela garotada, no empório de Dona Augusta (Alemã) na Rua Heloisa Penteado), Grêmio Esportivo Heróis de Vila Matilde (fundado em 1947), Sociedade Amigos de Vila Matilde, (fundada em 1950), Club Atlético Ypiranga de Vila Matilde (fundado em 1941), Centenário Club (fundado em 1947), Sociedade Benef. Rec. de Vila Esperança, Escola de Samba de Corujas de Vila Esperança, e o Bloco do Grupo Especial Chorões da Tia Gê, o único bloco do bairro ainda em atividade. (1.)
(1.) – O bloco carnavalesco, Chorões da Tia Gê, (fundado em 1947) é o único bloco remanescente em Vila Esperança.
ilustração- Arte Revista
Foi fundado pelo seminarista Carlos Augusto de Oliveira, ligado a juventude da Igreja Nossa Senhora da Esperança, dando-lhe tal nome em homenagem a sua mãe, Dona Geraldo, já falecida.
(2.) – Dona Geralda, era uma mineira de nascimento e esperancista por vocação.
Gostava de atuar junto à igreja N.S. da Esperanças e festejos juninos, dedicando-se as crianças.

Primeira manifestação musical que temos conhecimento: “Brazil y sus marabillas.- La Muga Del Tio Curro”

A ti Brazil doi viva Por manto tu tienes en cielo
Tierra de orden y progresso Que es un reinado de estrellas
Pais de mil marabillas Un tapete es tu suelo
Te saludo con un beso. Y tus mares los mas bellos.

Brazil tu eres un paraiso Tus tierra son espaciosas
De encantos y grandes bellesas Productora y fertil
Vive siempre en un suelo Tus playas marabilhossas
Próprio de tu naturaleza. Y tus florestas sin fin.

Primeira manifestação musical em homenagem ao bairro de Vila Esperança, seguindo estilo da época, feita pelo músico instrumentista e compositor Anulfo Tiburcio, que temos conhecimento;

Vila Esperança
Estribilho...
Vila Esperança princesinha da Central
Tu es o nosso orgulho
Tu es rainha no carnaval.

Vila subúrbio cor de prata
Tu es reino da cor mulata
Vila tu es rainha
Com tantas morenas, com tantas loirinhas.

UM FATO INTRIGANTE:
Durante todo o transcorrer das festividades tradicionais do bairro, muito se poderia contar.
Entretanto um acontecimento bastante intrigante ocorreu no carnaval de 1963.
Ocorre que os clubes participantes, escolhiam o tema a ser apresentado geralmente acatando o desejo dos participantes de seus respectivos blocos.
No C. A. Guarany, a rapaziada, vinha a tempo reclamando junto aos dirigentes, que o clube nunca tinha feito um bloco de piratas.
Argumentavam os responsáveis pelos carros alegóricos, da impossibilidade de se fazer um navio pirata, devido à altura da fiação de iluminação pública, que ligava postes às residências, no máximo 4,00 a 4,50 mts., o que permitiria a montagem somente de um pequeno barco.
Ai surgiu a idéia de se construir um barco no tamanho desejável, partindo-se os mastros, como se estivesse voltando de uma refrega naval.
A idéia foi aceita, e os trabalhos transcorreram normalmente.
Ocorre que poucos dias antes do carnaval, surgiu um atrito entre a França e o Brasil, devido apreensão de uma embarcação francesa dentro das 200 milhas da costa brasileira, que passou a ser chamada pela mídia de “Guerra das Lagostas”.
Sobre o fato criaram-se várias versões.
Em uma delas, afirma-se que o presidente da França declarou que: “O Brasil não é um país”, a qual o embaixador do Brasil na França, Carlos Alves de Souza Filho teria acrescentado “sério”, na tentativa de minimizar o impacto, que tal declaração causaria no Brasil.
O fato é que Charles de Gaulle, afirmou até sua morte, que jamais pronunciou tal declaração.
Outra versão, é que tal declaração tenha sido feita pelo embaixador da França no Brasil, e que quando pronunciou “O Brasil não é um país sério”, estava tentando dizer que o “Brasil não é um país rancoroso”.
O fato, é que no carnaval informal de Vila Esperança, a sátira política era um prato cheio.
Como se diz nos meios esportivos, os dirigentes do clube aproveitaram a deixa.
Confeccionaram uma placa onde se lia “Vamos acabar com a guerra - troquemos as lagostas por Brigitte Bardot”, que dispensa apresentações.
Até ai, tudo nos conformes.
O que intriga são os fatos ocorridos após o carnaval.
Como na época, São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, para os europeus era uma só região, Brigitte Bardot veio ao Brasil, foi até Búzios, declarou que estava interessada em comprar uma moradia, e foi embora.
Tal compra nunca ocorreu.
Após essa estada no Brasil a referida atriz, passou a se dedicar a defesa dos animais, e tudo que foi dito ficou pelo não dito.
É um fato intrigante ou não? – ou foi um gol de placa que passou despercebido.

Atualmente o carnaval é realizado na Rua Alvinópolis, entre as estações Vila Matilde e Penha, com desfiles de blocos e cordões, de forma de se encaixar nos novos padrões carnavalescos, recebendo o apoio indispensável da PMSP.

Das tradições que vicejavam no bairro, uma que se perdeu ao longo do tempo foram as procissões religiosas, realizadas nos primeiros anos de existência de Vila Esperança, pelos padres beneditinos e participação das irmãs filhas de São José, percorrendo as principais ruas do bairro, com a participação da comunidade.

POLITICA
Os moradores de Vila Esperança, em sua maioria como não poderia deixar de ser, por ter suas raízes ligadas ao trabalho, sempre tiveram simpatia pela linha política socialista, ou de esquerda como preferirem.
O braço político do bairro concentrou-se por muitos anos na Sociedade Amigos de Vila Esperança, com sua sede administrativa situada na Rua Padre Olivetanos.
Foram vários os moradores de Vila Esperança, que dedicaram um bom tempo de suas vidas, na reivindicação de melhoramentos públicos para a região.
Traídos pela nossa memória deixamos de identificá-los para não cometer injustiças com os possíveis esquecidos.

Mesmo sendo apolítica, em diversas ocasiões a SAVE, aproximava-se de políticos que se identificavam o bairro.
Na Rua Eneida, em 1946, o Partido Social Progressista (PSP), sob o comando do Sr. Benedito Policastro, inaugurou seu posto avançado na região, onde recebia com freqüência a visita do governador Adhemar de Barros.
Vários foram os políticos que se identificaram com o bairro, postulando sua melhoria e condições de cidadania, entre eles; Campos Vergal, Pedro Fanganiello, Alfredo Martins, José Aparecido, Hatiro Shimomoto, e diversos prefeitos do município de São Paulo.
Atualmente, as atividades políticas se concentram em um diretório do PT situado Na Rua Gilda, tendo como expoente político, originário de Vila Esperança, (onde atuou como educador) o Deputado Yvan Valente, um dos mais coerentes políticos brasileiros da atualidade. (1.)

(1.) - Participante da fundação do PT, em 2005 transferiu-se para o PSOL, por divergir da linha política seguida pelo partido que ajudou a criar.

O CLIMA
Até o início dos anos 50, o clima em Vila Esperança assemelhava-se muito ao clima interiorano paulista.
As estações do ano eram bastante distintas e regulares.
No verão, tinha-se tardes e noites quentes, com fortes pancadas de chuva, que formavam corredeiras lamacentas pelas ruas em terra batida.
Já o inverno tinha suas características puramente paulistanas e bastante frias.
Alem da garoa constante que podia durar aproximadamente um mês (*), tinha-se nas noites límpidas e frias com conseqüentes geadas ao amanhecer, e apresentando temperaturas em torno de 0º. (*1)
Era comum na época do inverno, as famílias reunirem-se a noite nas cozinhas das moradias entorno da mesa de jantar, onde se liam jornais e capítulos de folhetins semanais, adquiridos nas bancas. (*2).
Isso se dava em virtude de ser a cozinha a local mais quente da moradia, visto a existência do fogão a lenha ou a carvão.
Outra alternativa muito utilizada para amenizar o frio, era de se colocar alguns tijolos embaixo da mesa, sobre os quais se ajustava uma bacia com brasas retidas do fogão após o jantar e cobri-las com cinza, para mante-las em estado de inércia.
Nas manhãs muito frias, uma das alternativas (para espantar o frio)usada principalmente para quem tinha que sair cedo para o tabalho, era tomar uma Sopa de Burro.
Consistia em uma refeição matinal, feita com migalhas de pão servidas em uma tigela contendo vinho aquecido.
Outro fato climático, que determinava mudanças de hábitos de seus moradores, era o chamada periodo de seca.
Como o abastecimento de água potável era obtido por meio de poços (cisternas), em época de estiagem, muitas das moradias tinham dificuldades para manter o abastecimento.
Isso ocorria principalmente nas áreas mais elevadas do bairro, tendo-se que recorrer aos visinhos, que tinham conseguido atingir veios mais caudalosos.
(*) – Quando garoto em um determinado inverno, cheguei a contar 22 dias constantes de garoa, fato este que ficou gravado em minha memória.
(*1) – Em muitas manhãs em que me dirigia ao Grupo Escolar João Teodoro, situado na Vila Matilde, onde fazia o primário, me deparava com vegetação existente às margens do Córrego Rincão e pátio da estação cobertos por uma fina camada de gelo.
(*2) – Esses folhetins em forma de capítulos semanais foram os propulsores das atuais teve novelas.

COSTUMES ALIMENTARES
Os primeiros morados de Vila Esperança, em boa parte tinham tradições, advindas de suas origens, inclusive dos imigrantes europeus, muitos ligados as fazendas de café do interior do estado, e que foram incorporados pela indústria e comércio da cidade de São Paulo.
Dessa forma a alimentação seguia os costumes e tradições de suas origens, incluindo produtos agrícolas oriundos de pomares, hortas e criações de pequenos animais, existentes em quase todas as residências do bairro.
Entretanto um produto era comum a todos; o pão.
O pão era apresentado em peças de 1 quilo, de formato redondo ou em forma de filão, chamado de pão d’água (textura comum) ou suíço ou de cerveja (textura tipo pão de ló).
Alem desse tipo de pão apresentado, tinha também o pão de forma, propulsor do pão industrializado.
Durante a segunda guerra mundial, passou-se a produzir o pão de meio quilo, que era um filão mais fino, e que passou a ser chamado de bengalinha (este tipo de pão teve origem na França), daí o atual nome dado ao pão (pão francês) atualmente consumido no Brasil.

Outro ponto comum na alimentação, era que em toda cozinha que se prezasse, sempre dispunha de um pote com banha (suína), preparada pelos moradores, não raro contendo porções de carne previamente temperada e cosida.
A 2ª. Guerra Mundial veio de maneira drástica alterar o cardápio de seus moradores, que procuravam alternativas para suprir a escassez de alimentos e, adaptando-se aos costumes e alimentação atuais.
Os meios de energia que dispunham para o preparo da alimentação, era a lenha e o carvão (1.), antes do advento do botijão de gás, introduzido pela Ultragaz e Liquigaz.
Esporadicamente, utilizavam fogareiros elétricos, geralmente a título de curiosidade.

(1.) – durante a 2ª. Guerra Mundial, com a escassez do carvão, muitos moradores, aproveitavam as fagulhas de fundo de saco, eram amassadas e misturadas ao barro ,em forma de bolinhos e postos ao sol para secar.
Com isso procuravam minimizar a escassez de carvão.

Quanto à bebida de consumo nos lares, a preferência era pelo vinho (1.) originário do Rio Grande do Sul (vinho Gaucho), e refrigerante, principalmente pelos moradores de origem latina.
A cerveja era consumida mais pelos imigrantes germânicos e paises vizinhos.
(1.) o vinho de procedência gaúcha, era geralmente apresentado em garrafões de 5 litros e em tonéis de 100 litros, engarrafados pelos comerciantes.

Quanto às bebidas fortes nos bares, empórios e padarias, a aguardente (pinga) (1.) era a mais consumida, muito embora se consumisse outras bebidas, como o conhaque, gim, sambuca, anisete e aguardente com ervas e plantas diversas.
Nas décadas de 40 e 50, duas bebidas marcaram época:
O Rabo de Galo, uma mistura de aguardente de vermout e aguardente e o Cuba Libre, Coca Cola com rum.
(1.) – As bebidas de cor branca, (sem coloração) dificilmente pegam no gosto dos brasileiros, devido a ficarem associadas à pinga pela sua cor.

O costume geral, principalmente dos mais jovens, era nos fins de tarde, após chegaram do trabalho, reunir-se nos pontos de encontro, onde geralmente discutiam-se assuntos ligados ao grupo e seus clubes.
Daí surgiu à expressão “Clube de Esquina”.
Nos bate-papos de fim de tarde, discutiam-se os resultados e as decisões a serem tomadas, para depois se tornarem “decisões de diretoria”
SE VOCÊ VIVEU OU VIVEM EM VILA ESPERANÇA,EM COMENTÁRIOS CONTE SEUS CAUSOS, HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS, COLABORE COM NOSSA HISTÓRIA.

referência:
Arquivo Eletrônico Prefeitura Municipal de São Paulo
estações.ferrovi´rias.com.br
referencia eletrônica memorial da Penha
depoimentos e fotos pessoais

Pesquisa na internet – http://vilaesperancapenha.blogspot.com/ (c sem a cedilha)
augusto.gallera@gmail.com - comente participe - há muito o que escrever.

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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

ESTAÇÃO FERROVIRIA DE VILA MATILDE - EFCB

A estação ferroviária de Vila Matilde, pertencente à Estrada de Ferro Central do Brasil, que ligava as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, anterior a sua inauguração oficial, era uma parada instalada de uma tosca estrutura de madeira, conforme indica a Planta do loteamento da freguesia de Villa Esperança .

Denominada Parada Macedo Soares, foi implantada para atender aos primeiros moradores dos loteamentos feitos nas terras, pertencentes à Dona Maria Carlota de Franco Mello Azevedo e família, (Freguesia de Villa Esperança) situadas ao lado norte da ferrovia, e de Dona Escolástica Merchet da Fonseca (Freguesia de Villa Matilde), situada ao lado sul, ambas na região rural do Município da Capital.
A referida parada situava-se, no final da Avenida Maria Carlota, dando frente para uma praça denominada Diogo de Carvalho, situada ao lado norte da ferrovia, levava o nome do diplomata Macedo Soares, que era casado com a filha de D. Escolastica.
Conforme se pode obter informações em vários sites na Internet, esta estação ferroviária da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, foi inaugurada em 1921, que passou a fazer parte de um complexo de estações suburbanas, do Norte (Roosevelt no Brás) , Penha (1866) e Lajeado.(1866) (três paradas), para atender a grande expansão que teve a região.

Com o advento de loteamentos ao longo da ferrovia, foram criadas as estações de: Itaquera, Quarta Parada (no Belém em 1934) , Quinta Parada (no Tatuapé em 1934), Artur Alvim, mais recente a Estação Patriarca.

Deve-se observar que, em Planta das Estradas de Rodagem do Município de São Paulo da Diretoria de Obras e Viação – 4ª. Secção Técnica, de 1918, consta a existência da Estação de Itaquera, com a sua localização indicada um pouco antes do Rio Jacuí., que cruzava a E.F.C.B. (provavelmente uma parada)

Em matéria incluída na Internet, consta que inicialmente as plataformas da Estação Vila Matilde, foram construídas em madeira, o que não é correto, conforme se pode comprovar pelas fotos inserida no site

Estação Ferroviária de Vila Matilde – E.F.C.B.
O referido alongamento das plataformas em madeira informado, se deu, quando a ferrovia foi eletrificada, e substituição automática dos vagões de madeira (Maria Fumaça), por composições de vagões metálicos mais longos, o que obrigou a ferrovia a adaptar o espaço de embarque e desembarque das estações.

Seu nome foi dado em homenagem a filha de dona Escolástica Melchet da Fonseca, Matilde Melchert Soares, que doou à empresa ferroviária o terreno situado dentro dos limites de sua propriedade, onde foi possível construir alem da estação propriamente dita, uma terceira linha para carga e descarga de mercadoria, e uma quarta linha (desvio) mais próxima ao corte do barranco existente, limitada deste, por uma vala de escoamento de água de uma área alagadiça formada pelo corte efetuado de onde brotava abundantes olhos d’água.
Era utilizado para estacionamento de vagões de carga, desvio este que posteriormente foi desativado.

Dentro dos limites existentes dessa área, em forma de triangulo, com um de seus lados voltado para o sentido cidade, limitando-se com a via de acesso para Vila Matilde (Fabrica de Tinta Vulcão- Rua Joaquim Marra), e afunilando em sentido subúrbio, até atingir as terras de Sétimo Gozzola & Irmãos, foi utilizada como pátio em chão batido para manobra de veículos e carroças, na retirada de mercadorias, que eram transportadas via férrea.

Alem dessa utilidade, essa área foi usada para manobra e ponto final de linhas de ônibus (o Amarelinho) ligando o bairro à Rua Guaiauna , forte ponto comercial na época, e a uma linha de ônibus ligando a Estação de Vila Matilde à Vila Talarico.

Na saída desse mesmo espaço, ligando-o a então Avenida Conde de Frontim (atual Radial Leste) existia o Bar do Ismael como era conhecido, que servia de apoio para a empresa de ônibus que operava na região.

A formação original completa da estação de Vila Matilde, era composta por uma construção que mantinha uma plataforma dupla entre as linhas 3 e 2, dividida em sua extensão por uma grade que separava a plataforma externa de acesso ao lado sul (Vila Matilde), e uma parte como plataforma interna de embarque e desembarque de passageiros sentido subúrbio – cidade (linha 2).
Essa construção, compunha-se de uma parte administrativa e bilheteria e uma parte como deposito de mercadorias, intermediada por uma única cobertura de duas águas por um espaço de acesso, onde se situavam as catracas de entrada e portões de saída para ala sul da estação.

A plataforma 1 instalada na ala norte (Villa Esperança) tendo uma longa cobertura em sua extensão, era utilizada para desembarque dos passageiros que vinham da cidade sentido subúrbio.

O acesso interno das plataformas se dava por rampas existentes em suas extremidades, com saída dos passageiros pela plataforma 2 para a plataforma 3 (esta externa), sendo que nas extremidades da estação (na via férrea) eram bloqueadas por mata-burros a cada extremo, para impedir a entrada clandestina de passageiros ao setor de embarque e desembarque.

Os passageiros que se dirigiam a Vila Matilde, tinham que subir um declive, utilizando uma escadaria, com seus degraus protegidos por trilhos em sua transversal, onde nesse corte de barranco, existia uma nascente, cuja água era utilizada pela garotada que estudava no bairro (para saciar a sede e pegar peixinhos) e eventuais moradores, em época de seca.

Essa escadaria, no seu topo dava saída para a Rua Joaquim Marra , defronte à Farmácia Queiros, o primeiro farmacêutico de Vila Mailtde. Mais tarde a preferência de uso dessa escadaria, foi substituída por uma rampa construída, conhecida como rampa da casa do chefe da estação, construída dentro dos limites cedidos por D. Escolástica.

Os passageiros que se dirigiam para Vila Esperança ou dela provinham, tinham a opção de utilizarem a rampa (linhas 2 e 3) de acesso lado cidade, que dava para uma passagem de nível ligando-a, a rua Maria Carlota, ou em sentido subúrbio utilizarem o mata-burros, que era uma passagem tipo trincheira servida por escadas, que permitia o acesso as Ruas Evans, Diogo de Carvalho (atual Rua Dr. Heládio), alem da escadaria que foi construída na ala norte, (linha 1) para a Rua Diogo de Carvalho.

A Estação de Vila Matilde, no apogeu do transporte ferroviário, era a estação mais movimentada do ramal tronco da E.F.C.B, devido seus moradores estarem ligados diretamente a forte industria, comércio, escolas da região do Brás, e a própria ferrovia.

Nessa mesma época, devido ao grande fluxo de passageiros, foram criados 2 trens especiais pela manhã sentido Estações Vila Matilde x Estação Roosevelt (especial das 6 e especial das 7), e 2 trens especiais à tarde em sentido contrário (especial das 5 e especial das 6).

A característica mais notável dessas composições especiais, é que quase todos os passageiros se conheciam, funcionando como um verdadeiro jornal de noticiais.

Um fato curioso, ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial;

Na época, para fins de esforço de guerra em pró dos aliados, o governo brasileiro, adotou um sistema de racionamento de alimentos, que era controlado pelo então (vilão) órgão Coordenação.

A cada família era, atribuído um cartão de racionamento, conforme o número de pessoas que a compunha.
As cotas indicadas, eram vendidas mediante a apresentação desses cartões de controle, na compra do pão, arroz, açúcar, etc...

Em Vila Esperança, mas precisamente na esquina das Ruas Evans e Celina (atual Cumaí), existiam; o Armazém de Secos e Molhados Chiasca, e do outro lado da calçada a Padaria do Pinto, um dos pontos de encontro dos moradores de Vila Esperança.

Por outro lado a atual Radial Leste, (Avenida Conde de Frontim), tinha seu início após a região chamada na época de Balanço (no Tatuapé), pouco antes da Rua Tuiuti, e terminava no pátio da Estação Vila Matilde.

Um funcionário do Chiasca, em um determinado dia, dirigiu-se pela manhã à Refinadora de Açúcar Tupi, instalada nas imediações da Luz, em uma carroça, para retirada da cota de açúcar estabelecida.

Entretanto, devido aos transtornos, o Sr. Humberto Arantes, somente conseguiu ser atendido já tarde adentro.
Como a Av. Celso Garcia nesse horário era de transito intenso, o Berto (como era conhecido) optou por sair da avenida pela rua Tuiutí, e dirigir-se ao o bairro pela então Conde de Frontim, calçada em mão única de macadames e pouco utilizada.
Ocorre que, nas proximidades das estações Quinta Parada e Guaiauna, emparelhou com o especial das 5.
Não deu outra, quando chegou ao seu destino, o estavam esperando a maioria dos passageiros, da referida composição.
Polícia !!! polícia !!!... a maior confusão...

Com a decadência do sistema ferroviário, os bairros que tinham seu progresso atrelado ao sistema, aliado as obras mal planejadas executadas na região, sofreram grandes transformações, tornando-se as estações, fundo de quintal dos referidos bairros, inclusive a Estação de Vila Matilde.
Com a implantação do Metrô pelo governo do estado e a criação do Expresso Leste da CPTM, iniciou-se uma lenta recuperação das regiões atendidas pela antiga EFCB.

Matéria livre para pesquisa.- .